segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Discurso de Marc Fortuna na Câmara Municipal de São Paulo



A comitiva do PMDB de Itanhaém formada por Marc Fortuna (Presidente), Helena  Mischiatti  Fortuna,  Richard  John Price, Luiz Octávio e Lilian Camacho esteve presente na sessão solene da Câmara Municipal de São Paulo na noite do dia 11 de setembro de 2009, presidida pelo vereador Cláudio Fonseca (PPS), onde foi concedida a "Medalha Anchieta" ao líder negro Prof. Eduardo Joaquim de Oliveira (Secretário Nacional do PMDB Afro).
 
Compondo a mesa dos trabalhos, além do vereador Cláudio Fonseca e o homenageado Eduardo de Oliveira, estavam também Marc Fortuna (Presidente do PMDB Itanhaém e da FUG LSVR), Eng. Walter Pereira de Carvalho (Coord. de Promoção de Igualdade Racial e Étnica da Prefeitura de Santos), Padre Valdinei Félix (Paróquia Santa Edwiges, H.R.H. Oba Chanceler Dr. José Mendes F. Geleju Adélabú III (tetraneto de Zumbi dos Palmares), entre outros.
 
Abaixo, a transcrição do discurso feito na ocasião pelo Presidente do PMDB de Itanhaém, Marc Fortuna ao subir na tribuna:
 

 
Meu caro amigo Professor Eduardo Joaquim de Oliveira, nobre vereador Claudio Fonseca, membros da mesa, senhoras e senhores.
 
Primeiramente quero deixar registrado um caloroso abraço enviado pelo Dr. Orestes Quércia - Presidente Estadual do PMDB, e pelo deputado Jorge Caruso - Vice Presidente Estadual do PMDB, que gostariam de estar presentes a esta importante solenidade, mas infelizmente não poderão comparecer nesta data devido a compromissos agendados previamente e que não puderam ser cancelados.
 
Serei breve, eu prometo.
 
O dia de hoje é um momento histórico. Nós estamos vendo hoje, um negro recebendo a mais importante honraria, da mais importante câmara municipal, da mais importante cidade do Brasil e da América Latina. Isso é coragem ! Um cidadão, um professor, um líder negro "com muito orgulho"...
 
Nesse momento eu me emociono, pois há alguns anos eu tive a honra de estar na presença denosso líder negro Nelson Mandela, que esteve recebendo uma homenagem como esta na Casa do Parlamento britânico. E hoje me emociono por estar aqui na Casa do Parlamento paulistano, que representa todo o Brasil, com o nosso Mandela brasileiro, o professor Eduardo José de Oliveira.
 
Mas eu também não poderia deixar de lembrar da importância histórica da data de hoje, 11 de setembro: as torres gêmeas, o terrorismo... Mas como meu grande amigo Sir Richard Price, escritor inglês, logo após os atentados de 11 de setembro, publicou em um de seus trabalhos, terrorismo não significa somente atacar bombas. Terrorismo também é sexismo, também é racismo, também é "buling". A criança, quando é taxada na escola por ser gorda, por ser negra, por ser diferente, também está sendo vítima de terrorismo.
 
Quandoestamos passando na rua e uma mulher está dirigindo e comete algum erro, qual a primeira coisa que geralmente as pessoas falam? — Tinha que ser mulher. As loiras taxadas por terem um intelectual inferior através de piadas hipócritas do tipo "é loira, fazer o que?". O negro, o homosexual, as minorias são vítimas de um tipo de terrorismo.
 
Nós somos uma sociedade que taxa através de pré-conceitos. Numa sociedade ideal, vereador Claudio Fonseca, meu amigo Eduardo, nós não precisaríamos ter movimentos dos direitos dos negros, movimentos dos direitos da mulher ou outros movimentos... Numa sociedade ideal, não precisaríamos ter legislações que garantissem o acesso de um percentual de negros em universidades, nem legislação tornando obrigatório reservar 30% das legendas às candidaturas aos cargos legislativos para as mulheres.
 
Mas nós não vivemos em uma sociedade ideal. E enquanto isso não acontecer, precisamos sim fortalecer o Movimento Negro, o Movimento da Mulher e de outras classes minoritárias, pois somos uma nação de diversidades e temos que garantir a inclusão social de todos. Assim, não seremos apenas brancos, negros, índios, homens, mulheres, idosos, deficientes, homosexuais, ciganos... seremos todos apenas "Seres Humanos".
 
Parabenizo meu amigo0 de longa data, vereador Claudio Fonseca — pois fomos sindicalistas juntos desde a época  da antiga APEEM — pela coragem e honrada atitude de quebrar mais esse tabú, sendo o propositor desta homenagem a Eduardo Joaquim de Oliveira, o primeiro negro a receber esta distinta Medalha Anchieta nesta Casa de Leis.
 
Venho de Itanhaém, a segunda cidade mais antiga do Brasil e a primeira politicamente constituída, onde o Padre José de Anchieta catequizou e onde temos até hoje sua histórica cama de pedra, para presenciar a merecida entrega da Medalha Anchieta ao companheiro Eduardo de Oliveira, na Câmara Municipal de São Paulo, sediada no Palácio Anchieta.
 
Parabéns, Eduardo... sua responsabilidade agora frente à comunidade negra está ainda maior. E parabéns a todos vocês que hoje lotam este plenário... juntos, conseguiremos realizar o sonho de fazer a sociedade ideal, a sociedade que queremos.
 
Muito obrigado.

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